Fogos.pt - Incêndios em Portugal em tempo real

Publicado em 19 de julho de 2021

Inicia-se em Portugal a época mais crítica para a ocorrência de incêndios florestais

A materialização de um incêndio florestal, em climas do tipo mediterrâneo, resulta da composição de três fatores: as condições meteorológicas, a carga combustível disponível e a ignição (de etiologia natural ou humana).
` Num clima em que os eventos meteorológicos extremos se tornam mais frequentes e com maior intensidade, espera-se o aumento do risco de ocorrência de incêndios. Um dos fatores que potenciam o risco de incêndio é a ocorrência de ondas de calor. Até ao final do século, projeta-se um significativo aumento da frequência e intensidade das ondas de calor, isto é, com temperaturas mais elevadas (5 a 8 ondas de calor por ano), e um crescimento da duração (de 20 a 50 dias nos casos mais extremos). Paralelamente, projeta-se a ocorrência de mais eventos de seca prolongada, que quando associados a ondas de calor e a acumulação de biomassa combustível, um problema das nossas florestas, aumentam significativamente a probabilidade de ocorrência de incêndio, e mesmo de grandes incêndios. Portugal continua a ser o país europeu mais afetado pelos incêndios florestais. Desde 2010, registaram-se aproximadamente 18.000 incêndios florestais por ano, com uma média anual de 136.000 hectares queimados. As repercussões não se prendem somente aos danos no património ambiental, mas também aos graves riscos para o ambiente, saúde e vida das pessoas, ao ónus na despesa pública e à perda de meios de subsistência de muitas pessoas. É por isso perentório delinear uma estratégia de combate global e regional, baseada em princípios de corresponsabilidade onde todos os elementos da sociedade estão envolvidos, e que tenha uma abordagem abrangente e concertada de reação, mitigação e prevenção, no sentido de evitar os enormes impactos decorrentes dos incêndios. A nível governamental, foi publicada em Diário da República a resolução do Conselho de Ministros que aprova o Programa Nacional de Ação do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, o qual está alicerçado em quatro orientações estratégicas: valorizar os espaços rurais, cuidar do território, modificar comportamentos e gerir o risco eficientemente. Por sua vez, o Fogos.pt é uma iniciativa que surge de cidadãos para cidadãos. A aplicação mapeia os casos de incêndios em Portugal, com uma atualização a cada 2 minutos e uma localização aproximada. Na página, os utilizadores encontram detalhes dos incêndios em ocorrência ou que se resolveram recentemente. Para cada incêndio é disponibilizada informação sobre a sua localização, a natureza do local afetado (por exemplo, terreno agrícola, mato ou povoamento florestal), o estado de resolução e o plano de intervenção da brigada de incêndio, onde são referidos o número de bombeiros destacados e os veículos de combate a incêndio. É assim possível saber a intensidade de um incêndio, numa linha de tempo minuciosa. O mapa reúne ainda dados meteorológicos e permite a categorização de regiões segundo o índice de risco de incêndio. Outros avisos ligados aos incêndios, como o corte de estradas, são também publicados em Fogos.pt. Num país onde os fogos são um evento anual crítico, Fogos.pt é uma forma de se proteger mantendo-se vigilante. Fogos.pt é uma aplicação baseada em dados da Proteção Civil Portuguesa criada por João Pina e apoiada pela VOST Portugal, que ajudou a fundar em 2018. João Pina é um programador e analista de sistemas que se tem dedicado ao desenvolvimento de soluções open source que ajudem os cidadãos. A VOST (Associação de Voluntários em Situações de Emergência) é uma Associação sem fins lucrativos formada em Agosto de 2018 no contexto dos incêndios de Monchique. Integrada na rede de equipas VOST Europeias, hoje é formalmente uma associação de pleno direito. Formada por um grupo com uma forte componente tecnológica, inclui também valências que vão desde o design à gestão e comunicação, passando por agentes de proteção civil no ativo a estudantes. A Associação procura contribuir para uma sociedade mais informada, mais preparada e mais resiliente, capaz de praticar uma cidadania ativa. Entre as suas linhas de ação destacam-se: a disseminação de informação oficial durante emergências, o combate à desinformação, e a criação de ferramentas tecnológicas de utilidade para as populações. A VOST foi responsável pelas plataformas de crowdsourcing “Já não dá para abastecer” que surgiu aquando da greve de motoristas de matérias perigosas, e “Open 4 Business” que desenvolveu a pedido do governo português, no âmbito do gabinete de resposta digital à COVID-19. Esta associação desenvolveu também o portal oficial, e respetiva aplicação móvel em conjunto com a comunidade Flutter Portugal, de resposta à pandemia covid19estamoson.gov.pt, também no âmbito do mesmo gabinete de resposta. `